Nos últimos anos, trabalhos desenvolvidos, principalmente, sob as interfaces Sociolinguística/Ensino e Funcionalismo/Ensino, têm apresentado diversas contribuições teóricas e pedagógicas para o ensino de gramática na educação básica. Entretanto, paralelamente à extensa produção acadêmica sobre gramática(s) e ensino, persiste, na maioria das escolas brasileiras, a abordagem tradicional que, ao negligenciar a variação linguística, pauta um trabalho pouco produtivo para o desenvolvimento das habilidades linguísticas dos estudantes. Além disso, essa abordagem acarreta consequências de natureza sociocultural, na medida em que contribui para a estigmatização das variedades que destoam da norma considerada culta/padrão, corroborando, por conseguinte, o preconceito linguístico. Este simpósio pretende agregar pesquisas que se configuram como propostas de aplicação pedagógica de pressupostos teórico-metodológicos, especialmente, da Sociolinguística Variacionista e do Funcionalismo, em suas várias vertentes, com o intuito de ressignificar o ensino de gramática na escola. Dessa forma, alinham-se a este simpósio trabalhos que apresentem, entre outros, os seguintes objetivos: i) apresentar alternativas de intervenção pedagógica que, baseadas em uma concepção descritiva de gramática, possam legitimar, em sala de aula, a variação em seus diferentes níveis (fonético-fonológico, morfossintático; semântico etc.); ii) abordar a heterogeneidade linguística, em seus aspectos gramaticais, como estratégia de combate ao preconceito linguístico e de fortalecimento da autoestima (linguística) dos estudantes, tendo em vista diretrizes dos PCN de língua portuguesa e da BNCC; iii) discutir métodos para uma formação sociolinguística de professores de português e, por fim, iv) propor atividades didáticas menos classificatórias e mais funcionais para o ensino de conteúdos da gramática normativa.